quinta-feira, novembro 23, 2006

running 4 fun


O sol espreita pelos intervalos das nuvens, altas, carregadas de um negro assustador que prevê a eminência de uma trovoada, os raios de luz iluminam os verdejantes campos de ambos os lados da bucólica estrada, onde alguns centenários castanheiros, anunciam o Outono num véu de folhas que se estende aos seus pés, entre os sons do campo, apenas se ouve o trotear dos meus ténis no asfalto e o arfar do meu fiel amigo bismarck, o qual eu nunca convidei para me acompanhar, mas que tal como eu goza o prazer de correr na montanha.No final da recta, tomo um caminha à direita pelo meio daquilo que outrora foi um frondoso pinhal, com o chão revestido de fetos, agora já em passada mais curta pois o desnível a isso obriga, vou rasgando o caminho e saltitando os pinheiros queimados, que a fúria do vento acabou por prostar,o desnível continua acentuar, fazendo as primeiras gotas de suor brotar na minha face, ao sair dos pinheiros contorno um cotovelo que me leva a uma ultima rampa e que me coloca na aresta cimeira da serra ,o coração parece querer explodir sinto o latejar jugular que teima em levar o oxigénio ás minhas pernas, no final da rampa posso vislumbrar toda a aresta que terei ainda de percorrer ,o serpentear do caminho ladeado por pinheiros, serras verdejantes de ambos os lados e uma ou outra habitação aqui ou acolá, do lado esquerdo a serra recorta-se a contra luz ,fazendo antever, o final do dia a aproximar-se, o horizonte preenche se do inigualável laranja do poente nortealentejano ,são cerca de 50 minutos de êxtase total ,onde cada lufada de ar sabe, como se aquele fosse o ultimo oxigénio puro da terra, os olhos lacrimejantes castigados pelo vento de nordeste arrefecido no maciço central, vão procurando o trilho que já mal se vê ,sempre a ganhar cota até culminar num pinhal sobrevivente aos incêndios ,mergulho no escuro sentindo os voos rasantes de um ou outro morcego e ouvindo as corujas ,sábias guardiãs da noite serrana, uma longa descida volta a colocar me no asfalto onde os candeeiros dão sinais de alguma civilização, no alto da ultima colina já consigo ver a luzes da minha casa, essa imagem que eu tanto gosto de apreciar, reconfortante é o regresso, tendo o mesmo sempre sabor de primeirisso.Assim o faço, não por uma questão estética ,tão pouco por a procura de um resultado ou de ummelhor tempo, sem relógio ,sem clube ,sem compromisso apenas por prazer.

1 Comments:

Blogger ljma said...

Ah!, é uma maravilha, não é? E aqui, na Serra da Estrela, ainda vamos espantando uns coelhos, rapozas, perdizes, gaios, gralhas, águias... E correr de madrugada, ver o sol aparecer ao longe, em Espanha?

Sem clube, sem cronómetro, sem mais ninguém. Pode ser só correr. Mas é mesmo uma maravilha!

10:52 da manhã  

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